O jejum é uma escola divina da qual o crente aprende muito, sendo treinado nas boas qualidades que ele pode precisar em sua vida, incluindo a paciência, uma vez que o Ramadã é denominado mês do equilíbrio (placidez) e dos complacentes. Deus diz no Alcorão: “[…] Aos perseverantes, ser-lhes-ão pagas, irrestritamente as suas recompensas!” [Alcorão, 39:10].
O jejum também é uma fonte de ensino sobre a honestidade e a vigia a Deus, em segredo e em público, visto que além de Deus, não há vigilante sobre o jejuador em sua abstinência de coisas boas e atrativas. O jejum fortalece o propósito, aguça a determinação e desenvolve misericórdia e compaixão entre os seres, pois é uma infuca para a alma, refreia o desejo exagerado pela luxúria, purifica a alma e ajuda no desenvolvimento da prática do bem, segundo disse o profeta (a paz esteja com ele): “Cada boa ação que o homem faz é recompensada de dez vezes até setecentas vezes.” E sobre o jejum, consta em um Hadith Qudussi, que Deus Altíssimo diz: “O jejum pertence somente a Mim, e só Eu definirei a devida recompensa […]”.
Quem pensa que o mês do Ramadã é apenas para jejuar e abster-se de comida e bebida (durante o período pré-determinado), então realmente desconhece a realidade deste mês sagrado, e não experimentou seus feitos e espiritualidades, pois o Ramadã é de fato uma grande oportunidade para reforma social. É exatamente assim tal como dissemos, pois ora vejamos: este mês tem, entre seus propósitos, tentar incutir em nós os valores do amor, da compreensão, do perdão e da tolerância. Sempre esses valores são evidentes no decurso do mês, incluindo diligência em não deixar em nossos corações qualquer malícia ou ódio contra qualquer que seja. Por isso que esta questão impacta no conforto psicológico para o tolerante e o buscador do perdão. E para aqueles que amam em nome da grandeza deste mês, pois eleva seu valor social diante dos outros; e para aqueles que se estimam pela veneração da majestade de Deus. O Ramadã também, através de seus valores, pode elevar o status social da pessoa diante das outras. Isso porque o Islã veio para endireitar os princípios éticos da sociedade humana sobre qualidades nobres da moral, incluindo o perdão sobre a ofensa e o dano, sugerir a substituição da retaliação pela ofensa por bondade, e no lugar da raiva em perdão e tolerância.
O muçulmano (consciente), no entanto, neste mês deve perdoar e ser ele quem começa por perdoar, a fim de que possa obter a moral e decência com as quais ele se auto abastece ao longo do ano. Deus recomenda: “[…] Equipai-vos de provisões, mas sabei que a melhor provisão é a devoção (equilíbrio no pensar e no agir) […]”. [Alcorão, 2:197]. O mês do Ramadã, no entanto, é a primeira escola e o verdadeiro núcleo para incutir nas pessoas os valores de conhecimento, tolerância, amor e perdão.
Em seguida, vem também a família, principalmente os pais, aqueles que se formaram nesta escola para criar seus filhos sobre essas louváveis qualidades, a fim de que seus filhos possam ser tolerantes com seus amigos e vizinhos. A escola também desempenha um papel muito importante, de modo que os jovens passam muitos anos de suas vidas lá, incluindo conhecimento sobre seu grande papel na sociedade. O Ramadã visita-nos a cada ano, para que o homem possa avaliar a si mesmo, suas deficiências, suas doenças psicológicas e sociais, e se mantenha sério em meio à agitação da vida e suas luxúrias. O Ramadã é a mais bela oportunidade para remover o rancor, o ódio e a inveja das almas, e abrir uma nova página, livrando-se das impurezas dos corações.
É por isso que o jejuador deve receber o mês abençoado do Ramadã com perdão e tolerância, fechando os olhos para as faltas passadas, virar a página do passado sem deixar a cura (para trás). Deus diz no Alcorão: “[…] se tolerardes, perdoar e serdes indulgentes, sabei que certamente Deus é indulgente, Misericordiosíssimo”. [Alcorão, 64:14].
Quão bonito seria se os corações fossem puros de malícia e livres de ódio, a fim de serem qualificados à apreciação de Deus! Porque corações briguentos jamais podem ser sãos e válidos. A adoração através do jejum do Ramadã eleva o jejuador à transcendência acima das disputas e retira dele os motivadores da vingança.
O Ramadã é, de fato, o mês do Alcorão, arrependimento, amor, tolerância, perdão e oportunidade de libertação do Fogo infernal. Como também é o mês da moral, retidão, caridade, bondade e bênçãos. Por isso que constitui uma grande escola educacional em um ciclo de duração que fica em torno de 30 dias, purificando corações e almas, de sentimentos negativos, ódio e rancor, com o propósito de substituí-los por sentimentos positivos de honestidade, sinceridade, amor, misericórdia, paz e segurança. Partindo desse princípio, aquele que não abraçar esses significados sublimes do mês sagrado do Ramadã, não tem nada (de valor) em seu jejum, exceto fome e sede, conforme disse o profeta (a paz esteja com ele) que: “Às vezes o jejuador não tem nada de seu jejum exceto fome e sede”. Ele (o profeta), em um hadith autêntico que dá reforço nesse sentido, deixou claro que aquele que jejua e não controla seu jejum, o seu lucro é tão somente a fome e a sede (que ele passa), quando disse: “Aquele que não abandonar a falsidade e as disposições de agir de acordo com ela, Deus não precisa que ele se abstém de comer e beber (em nome de jejum).”.