Há manuscritos em museus do Brasil e México, datados de 1717, que indicam a chegada de escravizados à Argentina que falavam árabe, não comiam carne de porco e acreditavam em Deus e em um mensageiro chamado Muhammad (que a paz esteja com ele). Contudo, essa onda de muçulmanos, trazidos como escravizados para a América Latina, foi reduzida e desapareceu na sociedade argentina. Restaram apenas vestígios, como nomes próprios (Fátima, Maria, Omar) e influências literárias em contos, romances e peças teatrais, além de nomes de cidades como Córdoba.
O crescimento da presença muçulmana teve uma segunda onda no final do século XIX, intensificando-se no século XX, especialmente entre as duas guerras mundiais. A instabilidade política e econômica nos países árabes, particularmente no Levante (Síria, Líbano e Palestina), levou muitos a migrarem para a Argentina em busca de melhores condições de vida.
Atualmente, a maioria dos muçulmanos na Argentina pertence a gerações nascidas no país, o que enfraqueceu os laços com suas origens e o Islam. Muitos foram assimilados à cultura local, incluindo figuras de destaque como o ex-presidente Carlos Menem, descendente de uma família muçulmana síria. Durante sua presidência, Menem doou um terreno em Buenos Aires para a construção da Mesquita e Centro Cultural Islâmico Rei Fahd, financiado pelo falecido rei saudita Fahd bin Abdul Aziz. Inaugurado em 1992, é um dos maiores centros islâmicos da América Latina e do Caribe, oferecendo atividades religiosas, educacionais, culturais e beneficentes.
Comunidade Muçulmana na Argentina
Estima-se que a comunidade muçulmana argentina tenha cerca de 200 mil membros em Buenos Aires, com grandes concentrações em Rosário, Tucumán, Córdoba, Mendoza e outras cidades. De acordo com algumas estatísticas, o número total de muçulmanos no país é de aproximadamente 1 milhão. Há várias associações árabes, clubes, centros islâmicos e escolas árabes. Existem atualmente 8 mesquitas e 6 oratórios no país.
Contudo, as atividades dessas instituições são consideradas fracas, o que resulta em pouca influência ou reconhecimento da comunidade muçulmana na Argentina. Segundo líderes religiosos e membros destacados da comunidade, vários desafios dificultam a integração e o fortalecimento dos muçulmanos na Argentina.
Alguns Pensadores Propõem Iniciativas para Superar Desafios
- Autossuficiência: Depender menos de ajuda de países exteriores, pois as condições impostas por essas ajudas muitas vezes dividem a comunidade muçulmana local.
- Promoção da Língua Árabe: Incentivar o ensino do árabe e disponibilizar transmissões televisivas em árabe para familiarizar as novas gerações com a língua.
- Criação de uma Associação Islâmica: Estabelecer uma entidade que una todas as associações, centros e instituições islâmicas, representando os interesses estratégicos da comunidade.
- Fundação de Institutos de Ensino Moderno: Criar escolas modernas que integrem o ensino religioso e da língua árabe, promovendo o multiculturalismo.
- Promover o Discurso de Amor: O Islam é uma religião de paz, amor e convivência harmoniosa entre todos os povos, independentemente de sua religião, cor ou origem.
Como Deus diz no Alcorão:
“Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado.” (Alcorão, 49:13).